quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Firmeza (Edward Mote)

Queridos irmãos, faz muito tempo que não posto algo por aqui, exceção feita às apresentações dos corais da IBCC e do Conjunto Masculino. Mas hoje retorno a este espaço para divulgar algo que aprendi a amar, as histórias que estão por trás de hinos que cantamos em nossas igrejas. São histórias de hinos do Cantor Cristão (CC) e/ou do Hinário para o Culto Cristão (HCC).

Hoje conto aqui a história do hino CC 366, "Firmeza", composto por Edward Mote.

Quem diria que aquele menino que vivia nas ruas de Londres, cujos pais, donos duma malfadada pensão, não davam a mínima importância, uma dia se tornaria um pastor batista e seria autor de um hino que é uma verdadeira declaração de fé?

Edward Mote, autor deste hino, foi esse menino. Nascido em Londres, Inglaterra, em 1797, ele relata: “Os meus domingos, passei-os nas ruas. Tão ignorante eu era, que nem sabia que existia um Deus”. A escola que ele frequentava, Mote afirma, não deixava uma Bíblia aparecer, quanto menos ser ensinada. Mas Deus tinha planos para a vida daquele garoto. Quando jovem, foi colocado como aprendiz de marceneiro e mais tarde tornou-se artesão de muita habilidade.

Aos 16 anos, foi levado por seu mestre para ouvir o estimado pregador John Hyatt. Aos seus pés Edward converteu-se a Cristo! Mais tarde, ao se estabelecer em Southwark, um subúrbio de Londres, com seu próprio negócio, tornou-se marceneiro de muito sucesso e um crente muito dedicado. Como passatempo escrevia crônicas que muitas vezes foram publicadas em periódicos de Londres. Também começou a escrever poesias e hinos. Foi em 1834 que ele escreveu este hino de fé e confiança em Cristo. Assim ele contou a história:

"Uma manhã, enquanto saía para o meu trabalho, veio à minha mente que devia escrever um hino sobre a experiência do cristão da graça do Senhor. Enquanto ia para Holbern, compus as palavras do estribilho:
A minha fé e o meu amor
Estão firmados no Senhor,
Estão firmados no Senhor.
 Durante o dia completei quatro estrofes e as escrevi."

Mote continuou a contar que no domingo, ao encontrar-se com um membro da igreja, Sr. King, esse lhe pediu que fosse visitar sua esposa que estava gravemente enferma. À tarde, Mote se apressou em fazer isso. O Sr. King pediu que cantassem um hino, lessem as Escrituras e orassem. Ele então procurou o seu hinário, mas não o achou. Edward Mote continua a contar:

“Eu disse: ‘Tenho uns versos aqui no meu bolso, se quiser, podemos cantá-los’. Assim fizemos. Sua esposa gostou tanto do hino que pediu que deixasse uma cópia com ela. Depois do culto da noite, fui para casa e escrevi mais duas estrofes. Levei-as depois para aquela irmã. Esses versos foram tão bem ao encontro das necessidades daquela irmã moribunda, que mandei imprimir 1000 cópias para distribuição. Enviei uma cópia à Spiritual Magazine (Revista Espiritual), sem assiná-la.”

Mote, que escreveu ao todo mais de 100 hinos, incluiu o hino no seu hinário Hymns of Praise (Hinos de Louvor), publicado em 1836 com o título: A Base Imutável da Esperança do Pecador. Dessa vez incluiu a sua assinatura.

Com a idade de 55 anos, Mote viu um sonho ser realizado. Havia muito tempo queria que houvesse uma congregação batista no seu bairro. Em grande parte resultado dos seus próprios esforços, isso se realizou. Foi ele que construiu o templo. Os outros membros da congregação queriam que Mote registrasse tudo no seu próprio nome. Ele recusou dizendo: "Não quero uma capela, quero um púlpito, e no dia que eu deixar de pregar a Cristo, podem me negar o púlpito."

Por 26 anos Mote serviu fielmente como pastor da igreja, saindo somente por causa da enfermidade que o levaria à morte um ano mais tarde. Pouco tempo antes do seu falecimento, em 1874, Edward Mote disse: "As verdades que tenho pregado, eu as estou vivendo. Servirão muito bem para morrer, também." Como de costume naquela época, foi sepultado no terreno da igreja. Perto do púlpito, há uma placa com a inscrição:

“Em memória de Edward Mote, que dormiu em Jesus em 13 de novembro de 1874, aos 77 anos de idade. Por 26 anos o amado pastor dessa igreja, pregando ‘Cristo e este crucificado’.(1 Co 2.21) como tudo de que o pecador precisa, e o santo deseja.”

William Batchelder Bradbury, um dos mais destacados compositores dos primeiros hinos gospel dos Estados Unidos, compôs a melodia Solid Rock para esse texto de Mote, em 1863. No original, o estribilho chama Cristo de a “Rocha Sólida”. Essa versão apareceu pela primeira vez em 1864 na única coletânea publicada durante a Guerra Civil nos Estados Unidos, The Devotional Hymn and Tune Book (O Livro de Hinos e Melodias Devocionais).

Este hino foi traduzido por Francisco Caetano Borges da Silva, um pastor evangélico que nasceu em 1863, em São Miguel, RS. Emigrou para os Estados Unidos; publicou o hinário Cânticos Cristãos, em New Bedford, Massachussetts, onde havia uma colônia portuguesa. Ainda hoje existem muitas igrejas com cultos na língua portuguesa naquela região. Borges da Silva traduziu outros hinos, um dos quais foi "Manso e Suave".

Bibliografia: Ichter, Bill H.: Se os Hinos Falassem, vol. III, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista (JUERP), 1971, p. 94.

Abaixo reproduzo a letra do hino CC 366.

Firmeza

Em nada ponho a minha fé,
Senão na graça de Jesus;
No sacrifício remidor,
No sangue do bom Redentor.


(Refrão)
A minha fé e o meu amor
Estão firmados no Senhor.
Estão firmados no Senhor.

Se lhe não posso a face ver,
Na sua graça vou viver;
Em cada transe, sem falhar,
Sempre hei de nele confiar.

Seu juramento é mui leal,
Abriga-me no temporal;
Ao vir cercar-me a tentação,
É Cristo a minha salvação.

Assim que o seu clarim soar,
Irei com ele me encontrar;
E gozarei da redenção
Com todos que no céu estão.




Texto adaptado do site Música Sacra e Adoração.

Nenhum comentário: