quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Intolerância científica

A Unicamp recentemente cancelou, em cima da hora, o 1º Fórum de Filosofia e Ciência das Origens, que seria realizado no dia 17 de outubro. Lamentavelmente, nenhuma das autoridades da universidade consegue - ou está interessada em - explicar os motivos do cancelamento. O grupo de professores que pressionou para que o cancelamento ocorresse, alegou oportunismo dos evangélicos, que estariam em busca de credibilidade no meio científico.
Ora bolas! Se os professores em questão, supostamente darwinistas, pois defensores do evolucionismo, têm tantas provas "irrefutáveis" da infalibilidade dessa teoria, por que temeram o debate? A resposta é muito simples. Eles sabem que de infalível a teoria evolucionista nada tem. Coisa que o próprio Darwin, no fim de sua vida, fez questão de deixar relatado. Sendo assim, temendo ser desmascarados pela própria ciência, o melhor foi fazer o lobby para o cancelamento do fórum.
Ocorre que o tiro provavelmente vai acabar saindo pela culatra, pois a repercussão do cancelamento está sendo talvez mais devastadora que o fórum, caso esse ocorresse.

Abaixo, reproduzo texto de Michelson Borges, publicado em seu blog, no último dia 04 de novembro.

Adão e Eva na Unicamp?!

Depois de dar destaque ao cancelamento do fórum sobre as origens que seria realizado na Unicamp (confira aqui), o jornal Destak, de Campinas, voltou ao tema no editorial de Paulo Reda, agora com outras tintas, a começar pelo título bem “forçado”: “Adão e Eva na Unicamp”. Reda escreveu que “a Unicamp cancelou seminário sobre a origem da vida que seria um panegírico sobre o criacionismo, hoje rebatizado como ‘design inteligente’”, e escreveu mais: “Alguém propor um debate científico que leve em consideração teses como a criação do mundo em sete dias e Adão e Eva me parece tão absurdo quanto uma discussão sobre se o Sol gira em torno da Terra. É curioso o empenho de grupos religiosos em buscar o endosso acadêmico para a inconsistência do criacionismo.”

Conforme já disse (confira aqui), nenhum dos palestrantes iria falar sobre criacionismo, Adão e Eva ou religião de qualquer tipo. Estávamos bem cientes de que naquele ambiente acadêmico teríamos que abordar nossos respectivos temas de uma perspectiva científica e/ou filosófica. E foi o que nos propusemos fazer, até que a “censura” nos proibiu de falar. O que importavam nossas “subjetividades religiosas”, se nossa abordagem dos temas não seria religiosa? Quiséssemos fazer proselitismo e não aceitaríamos participar de um fórum; faríamos pregações por aí.

Curiosamente, universidades públicas costumam ser bem mais flexíveis quando não estão envolvidos palestrantes criacionistas. Um exemplo recente é o “Seminário Estado, Laicidade e Sexualidade”, com a atividade debate “Fronteiras da Liberdade Religiosa”. Será realizado onde? Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E, que eu saiba, ninguém lá se opôs. Outro exemplo mais antigo, que me ocorre agora, foi a realização de um simpósio sobre prática médica e espiritualidade. Onde? Na USP. Também não houve resistência.

Bem, voltando ao editorial do Paulo Reda, infelizmente, ele não reflete a verdade dos fatos e somente ajuda a promover o preconceito contra aqueles que ousam questionar uma hipótese científica que dominou os campi seculares e vem promovendo a inquisição sem fogueiras contra aqueles que se atrevem a pensar diferente. [MB] 
Leia abaixo a carta enviada pelo químico Marcos Eberlin (um dos palestrantes censurados) à redação do jornal Destak:

Prezados editores do Destak Campinas:

Senhores, sou campineiro, nascido aqui em 1959, cidadão emérito dessa cidade, cidade de que me orgulho ser um centro de erudição e cultura, como poucos no País. Ingressei em 1979, lá me formei em 1982 e sou professor da Unicamp desde 1982. Como cidadão campineiro, em uma cidade como Campinas é, quero acreditar que o jornal Destak pretenda informar seus leitores sobre a verdade dos fatos, e não sobre a opinião não substanciada de alguns.

O editorial de hoje, de Paulo Reda, editor executivo, sobre o Fórum Origens da Unicamp, ficou bastante aquém da verdade. Alias, fez ele alguns juízos de valor por demais equivocados. Fiquei pensando se ele leu o programa do Fórum? Se saberia fazer uma sinopse das palestras propostas? Ou se ele verificou o CV e a formação dos palestrantes? Será?

Eu seria um dos palestrantes do Fórum e o abriria com uma palestra intitulada “A Química do Universo e da Vida”. Nessa palestra, jamais imaginaria tocar em temas como Adão e Eva e o paraíso, ou a idade da Terra. Aliás, nenhum dos palestrantes o faria. Absolutamente não! Estaríamos todos lá para falar única e exclusivamente de Ciência, em sua essência máxima. Cada um de nós, em suas áreas de especialização, abordaria o tema do simpósio – Origens – em suas áreas específicas, de um ponto de vista estritamente científico. Não iríamos, naturalmente, repetir o já desgastado discurso da evolução naturalista, pois somos céticos sobre a evolução, e temos o direito cientifico e acadêmico de assim sermos, pois nossa ciência e nossos dados científicos assim nos permitem.

Eu falaria sobre a química do big bang, da água, do DNA, dos aminoácidos, da homoquiralidade dos seres vivos. E compararia a viabilidade das duas causas possíveis do Universo e da Vida – forças naturais ou ação inteligente – frente ao conhecimento químico e bioquímico que temos hoje sobre os dois. Pena que o Fórum foi cancelado, pois, senão, o que aqui afirmo poderia ter sido lá confirmado.

Imaginar, então, que estaríamos lá para discutir preceitos e conceitos religiosos é pura ilusão, puro delírio, coisa de quem não se informou adequadamente sobre o assunto. Ou expressou uma opinião após ouvir somente um lado do debate.

Concordar com o cancelamento do fórum é fazer coro com a estratégia de combate do naturalismo filosófico, que tenta evitar o debate de nossas origens, que queremos fazer dentro da Ciência e com dados científicos e preceitos científicos, com a estratégia difamatória dos “sem-argumentos” que apregoam e ecoam por aí o slogan naturalista: “Se não é a favor da evolução, então é... religião!” Desclassificando a tese e os que a defendem, ao invés de combatê-la com o bom combate do debate acadêmico de teses e teorias.

Sonhando com fadas e duendes, e Adão e Eva no paraíso, exclamou um deles: “Que façam o debate em suas igrejas...”, não na minha (concluo eu)!

O cancelamento do fórum Origens da Unicamp, onde acadêmicos e cientistas e profissionais gabaritados e conceituados iriam debater a Ciência de nossas origens, propondo uma alternativa ao modelo vigente, só deixou ainda mais clara uma coisa, que eu – junto com muitos por todos lados e de todas as áreas do conhecimento cientifico – estou afirmando: que a evolução faliu como teoria capaz de explicar a origem do Universo e da Vida, e que – por temerem as implicações científicas, teológicas e filosóficas desse fato, e a alternativa que agora se mostra viável – muitos na academia não encontram outra saída a não ser tentar desqualificar a alternativa como... fanatismo religioso, obscurantismo, medieval... E da mesma forma, com os mesmo adjetivos, rotulam os que a defendem.

Mas em Ciência essa estratégia funciona só por um tempo, pois nada em Ciência resiste à força dos dados. Nada em Ciência é melhor do que um dado, um após o outro. E os dados e evidências vencerão a batalha, como já vimos no passado, e mostrarão a todos o que hoje sabemos com muita clareza : de que foi sim uma mente inteligente que orquestrou a Vida e o Universo, para temor e tremor dos que afirmam o contrário. E quem viver, verá!

Quero entender, então, que o jornal Destak é sério e imparcial, como disse, e que estará sempre ao lado da Verdade. Peço, então, que publiquem minha réplica, para o bem do debate, do contraponto, e que cada um julgue quem está com a Verdade, ou mais próximo dela.

Ganharia o leitor, ganharia a Ciência, ganharia Campinas!

Sinceramente,


Marcos N. Eberlin

Abaixo estão mais alguns links para matérias relacionadas ao assunto. Lamentavelmente, a coluna do editor do Jornal Destak, Paulo Reda, publicada no dia 04 de novembro, não está disponível na página desse jornal.

Blog Criacionismo (14/10/2013): Unicamp Cancela Fórum Sobre as Origens

Blog Criacionismo (15/10/2013): O Fórum Cancelado e o Preconceito Contra Criacionistas

Jornal Destak (29/10/2013): Criacionismo leva Unicamp a Cancelar Fórum

Para mais detalhes sobre o Prof. Marcos Eberlin, suas pesquisas, seu currículo e seu laboratório, visitem a página do Laboratório Thomson.