sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Coisas que aprendi sendo pastor (Por Pr. Brian Kibuuka)

O texto a seguir foi postado pelo Pr. Brian Kibuuka no Twitter, no dia 17 de setembro de 2021 e entendo como muito necessário à nossa análise, como cristãos e cidadãos. Para ver a postagem original, clicar aqui.

Coisas que aprendi sendo pastor

1) Há hospitais que tratam suicidas como culpados e profissionais de saúde que tratam suicidas com desprezo.

Havia um membro na primeira igreja que pastoreei que teve problemas com drogas. Desesperado por causa do vício, ele tomou chumbinho e acabou no Hospital de Marechal Hermes. Havia uma enfermeira na igreja e ela disse claramente:

- "Ele não queria morrer? A gente vai tratar ele o pior que puder."

Desde então, descobri que toda a misericórdia que eu ensinava na igreja tinha alcance menor do que a cultura que vigorava institucionalmente e que provocava abusos contra suicidas sob a lógica de que, diante de tantos que querem viver, suicidas estão ocupando inutilmente hospitais.


2) Há policiais que justificam seus crimes a partir da ideia geral de heroísmo e compensação.

Antes do bolsonarismo vingar, pastoreei em Campo Grande e conheci os efeitos do que se vê no Brasil todo 5 anos antes. Havia 18 policiais na igreja, entre membros e pessoas próximas.

De um lado, vi o risco de vida que eles corriam, as prisões, as ameaças dos bandidos que eram soltos em seguida à sua prisão e a sensação de que eles estavam enxugando gelo. De outro lado, vi com os milicianos da igreja (policiais, tá?) que eles tinham uma moral estrita com as filhas, uma justificativa plausível para agredir (com coronhadas até) as esposas, um discurso pro-família e costumes, ao mesmo tempo em que tinham orgias todas as sextas, mantinham prostíbulos (whiskerias), assassinavam rivais e mantinham negócios ilegais. E já havia uma rede de proteção dos policiais bandidos. Eles cometiam crimes e a forma como seus crimes aconteciam e eram noticiados passavam pelos filtros da imprensa - que maquiava os crimes. Foi nessa época, lá em Campo Grande, Rio, que passei a ouvir antes de muita gente o recurso ao conceito de "cidadão de bem".


3) O desejo inconfessado da maioria dos políticos que conheci bem de perto era enriquecer e ter oportunidades de negócios.

Eu lecionei em um seminário para um "assessor" que desejava muito ascender politicamente e esperava sua oportunidade. Ele conseguiu algumas homenagens. Uma delas, para um pastor do Rio. Era assim que esses políticos articulavam apoio, lidando com a vaidade de líderes que tinham, nas palavras desse meu aluno, "muita gente na mão". Eu mesmo recebi uma homenagem - claro, eu a rejeitei, mas me deram assim mesmo.



5) Eu dei aula nos seminários e nunca pude dar nota. Porque via de regra, na minha experiência, os alunos estavam acostumados a serem ensinados sem muita qualidade, e só funcionava de ter engajamento quando a linguagem era a do poder, que só podia ser usada por professores brancos. Um preto que acha que sabe e que cobra na sala, mas dá dez porque não é meritocrático, é uma anomalia no sistema. Enfim: os alunos e alunas já reproduzem a tendência a mentir e manipular, falseando piedade e santidade que caracteriza os pastores já estabelecidos, e exercitam isso quando sabem que a violência que cometerão não gerará efeitos porque o corpo ofendido é negro. Então, para contar um episódio, eu chegava na hora, preparava as aulas, atendia como monitor pra explicar. Aí, os alunos não estudavam (a ideia era passar, para muitos), marcavam comigo atendimento e atrasavam, e não consideravam que a nota seria dez mesmo... Quando perceberam que o sistema me via como anomalia, passaram a desrespeitar.

Como o seminário, para economizar, fazia um calendário (e eu me planejava para seguir, planejando o conteúdo), e depois emendava os feriados todos (tinha um feriado quinta, a aula era suspensa quarta, quinta e sexta) - e isso pra economizar comida no refeitório, servida pra alunos que pagavam... eu combinei com a turma para compensar as aulas nos intervalos. Tinha uma turma que ia se formar, que fazia cantina no intervalo pra ter dinheiro pra formatura. Eles, percebendo que eu dava aula e isso atrapalhava seus lucros, passaram a gritar nos corredores: "Cantina"! Depois, gritavam na janela da minha sala. Depois, com o aval da diretoria, passaram a gritar MEU nome. Quando chegou nesse ponto, fui lá falar e eles disseram pra resolver comigo na direção. Já era acordo pra me demitir.

Eu, experiente e sabendo disso, já tinha combinado com a turma das aulas e eles já tinham notado os movimentos de desrespeito. Na semana seguinte, quando saí da aula, o diretor enviou um professor para falar com a turma. A ideia era me enquadrar como maluco e destemperado.

Ao descobrir, o cupincha, que eu sofrera desrespeito, com gente gritando na janela da minha sala, semana após semana, e depois meu nome, eles fizeram o caso morrer. Porque o desfecho tinha que ser me enquadrar. E todo mundo lucraria:

Os professores que atrasavam e não preparavam aula. Os alunos, que queriam atrasar e passar. A direção, ocupada por um pastor ignorante e inapto, que não sabe a diferença entre Bultmann e Buttman.


6) A capacidade de caluniar no nome de Deus. No começo do governo Bolsonaro, esse mesmo seminário me chamou para dar conferências - já não estava mais lá como professor. Foi iniciativa de um aluno de uma turma.

Então, no dia em que fui, um professor, que também é pastor, que dá aulas há trinta anos com o mesmo papel escrito à mão e que vive as custas da igreja há décadas, só difamando e manipulando a política eclesiástica, ficou cercando os alunos, dizendo: "Não vá lá ouvir Brian, ele é herege". É que na cabeça de fundamentalista desonesto, todo inteligente e dedicado é herege, e isso cola. Na conferência, que foi sobre Jesus, o reitor ignorante do meu lado, me perguntam sobre Bolsonaro e a política de armas, pensando que eu iria dizer que ele não deveria cumprir a promessa de campanha. Eu respondi que sou contra armar a população, mas que se ele foi eleito com essa proposta, seria estranho ele não tentar cumpri-la, e que quem votou nele, votou para que ele cumprisse suas promessas. O diretor, que sempre me tratou com desdém - coisa típica de religioso conservador branco político e dependente do dinheiro que vem de igreja - bateu na minha perna, deu um sorriso e disse: "Muito bom!" Depois, fui na sala dos professores tomar café e o professor que dizia há pouco que não era para me ouvir porque eu era herege estava lá, todo sorridente, falando comigo, servindo café pra mim - não porque ele me ouviu, mas porque ele é falso mesmo. E ele perguntou sobre minhas aulas na universidade e falou que tinha um ex-aluno do seminário que era aluno da Universidade... do meu curso... e já engatou dizendo que ele desviou e que era uma vergonha. Mas esse aluno, meu orientando, é uma pessoa maravilhosa, querida por todos... e eu disse: "Conheço. Ele é maravilhoso, é meu orientando..."


7) Voltando ao Rio, lá conheci as vísceras do que se tornou bolsonarismo evangélico antes dele se expandir: convenções com financiamento e pronunciamento de políticos, discurso de defesa da família por gente que tinha cinco e sempre assediava as jovenzinhas ou jovenzinhos... um discurso moral, que era acompanhado de desvios de grana... apelo à doutrina, mas reuniões a portas fechadas falando da necessidade de promover expansão em bairros de gente com grana... intervenções em igrejas para manipular transições pastorais; acordos com autoridades policiais para estacionar os carros da igreja na rua sem muita utilização do dinheiro de convenções para viagens e hospedagens com grande parte do tempo utilizado para turismo, personalismo, com propaganda pessoal de líderes como veículo para mobilizar ofertas.

E o progressismo dos não engajados fazendo o mesmo, só que com o agravante de justificar os BOs por meio de uma doutrina que justificasse as suas ações.

E pra encerrar, porque isso é só um fragmento, todas as vezes que alguém mostra essas vísceras podres, aparece alguém pra dizer que isso deve se resolver internamente, ou que não se deve expor a igreja de Cristo, ou algo do tipo.

Eu respondo: tem muito mais. E só vai parar se a gente parar de esconder que a igreja evangélica precisa de reforma, e resetar a parada toda. Aperto de mãos por hoje, tá bom. Faltam uns 300 casos, mas vamos aos poucos...


Pastor Brian Gordon Lutalo Kibuuka

Professor de História Antiga e Medieval da Universidade Estadual de Feira de Santana. Doutorando em História Social na Universidade Federal Fluminense. Mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense (2012), Mestre em Letras Clássicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013), Graduado em Letras (Português e Grego Clássico) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013), Graduado em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo (2009). Membro do Grupo de Pesquisa NEREIDA (Núcleo de Estudos de Representações e de Imagens da Antiguidade) e do Projeto Eurykleia - ANHIMA/Paris. Bolsista do CNPQ. Tem experiência na área de História Antiga, Literaturas da Antiguidade e Letras Clássicas (grego, latim, hebraico e línguas copta), atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, violência e discurso na Antiguidade, especialmente no Teatro Grego e no Novo Testamento.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Musical Sozinho no Altar - Coral da IBCC - 23/04/2017

No domingo, 23 de abril de 2017, o Coral da IBCC apresentou o musical de Páscoa, "Sozinho no Altar", nos cultos da manhã e da noite. Abaixo está o vídeo da apresentação feita no culto da noite.



Regência: Robson Matheus Adorno
Solistas: Carlos Dimarzio (Abraão), Elizama Costa (Sara), Leonardo Dias (Pedro), Rosane Freitas (Maria), Wellington Gomes (Jesus)
Narração: Lilian Dias
Isaque: Paulo Zeferino
Barrabás: Victor Silveira
Soldados romanos: Jair Pereira, Hércules Oliveira, Danilo Ferraz e Piero Pires

Músicas:
  1. Deus nos dá o Cordeiro (solos de Carlos Dimarzio e Elizama Costa)
  2. Hosanas Cantai
  3. Quem é esse Rei (solos de Leonardo Dias e Rosane Freitas)
  4. Milagres não vão convencer
  5. Lembrai de mim (solo de Wellington Gomes)
  6. Quem é esse Homem
  7. Deus nos dá o Cordeiro - reprise
  8. Sozinho no Altar
  9. Na cruz contemplai
  10. O véu está partido (solo de Leonardo Dias)
  11. A tumba vazia permanecerá 

sábado, 9 de julho de 2016

Nota de esclarecimento

Este blog é de responsabilidade total deste que escreve. Aqui são apresentados materiais da Igreja Batista Central de Campinas (IBCC), mas é importante ressaltar que ele não está sob domínio da igreja, estando ela isenta de responsabilidade das postagens aqui apresentadas.

Da mesma forma, o blog apresenta, ao longo de sua existência, diversas mensagens apresentadas por irmãos membros da IBCC, que um dia professaram fé pública em Jesus Cristo. Sobre a salvação desses irmãos, apenas o Senhor Deus e eles próprios a sabem e não cabe a mim julgar.

Qualquer um desses irmãos pode apresentar algum problema em sua vida privada, fato ao qual todos estamos sujeitos. Mas creio fielmente na Palavra de Deus, que nos diz que pelo sacrifício vivo de Jesus na cruz do calvário fomos redimidos de nossos pecados, mediante o nosso arrependimento e entrega de nossa vida a Ele.

Lamentamos qualquer pecado público de nossos irmãos, que venha trazer vergonha ao Evangelho, mas já orando por todos esses junto ao único que é fiel e justo, esperamos a reconciliação desses que caíram.

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça." - 1 João 1:9

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Dia do Homem Batista 2016

No último sábado, 11 de junho, um número bastante representativo de homens da IBCC esteve no nosso Centro Familiar participando do evento comemorativo ao Dia do Homem Batista.

Nossa programação começou com o já tradicional jogo de futebol a partir das 07:00 (e nesse sábado a temperatura nessa hora era de apenas 8° C). Pudemos ainda desfrutar de uma palavra do nosso Pr. Sillas Campos e depois saborear um maravilhoso e muito bem servido churrasco.

Se você não foi, perdeu. Mas em breve teremos outro churrasco. Participe junto conosco! Se desejar participar do nosso futebol de sábado, estamos lá toda semana, a partir das 07:00.

Os corajosos que lá estavam antes das 7:00 para jogar bola. Frio intenso de 8° C.

Pr. Sillas nos abençoando com a Palavra de Deus.

Foto geral dos participantes (alguns já haviam ido embora nesse momento).

sábado, 30 de abril de 2016

De Onde Vem Sua Força? - Café do HoJe - 29/abril/2016

Na última sexta-feira, os homens da IBCC se reuniram novamente para nosso café da manhã de toda sexta-feira, realizado nas dependências da igreja. A grande alegria desse dia foi a presença, pela primeira vez, do nosso novo pastor titular, Sillas Larghi Campos. Naquele encontro aproveitamos o tempo e meditamos sobre a vida de Sansão.

De Onde Vem Sua Força?

O capítulo que narra o nascimento de Sansão começa com a afirmação de que o Senhor havia entregado Israel nas mãos dos filisteus por 40 anos (Jz 13:1).

O nascimento de Sansão foi cercado por uma série de acontecimentos marcantes. Um anjo de aparência impressionante (Jz 13:6) aparece a uma mulher estéril e faz algumas promessas a respeito do menino. Uma das promessas é de que o menino que nasceria seria nazireu. Mas afinal de contas o que era um nazireu?

Regulamentações acerca do nazireu (Nm 6:1-21):
  • Separado para servir a Deus;
  • Teria que se abster de vinho - ou suco de uvas e de uvas - e de outras bebidas fermentadas;
  • Não poderia comer nada que viesse da videira;
  • Não poderia cortar o cabelo;
  • Não poderia se aproximar de um cadáver. Nem se o cadáver fosse de algum parente próximo.
Apesar dos vários acontecimentos marcantes (relatadas em Jz 13:3-21) quando do anúncio de seu nascimento, Sansão cometeu vários deslizes:
  • Escolheu uma mulher estrangeira para se casar - o que segundo Dt 7:1-4 não era permitido - apenas porque ela era agradável aos seus olhos (Jz 14:3);
  • Tocou no cadáver de um leão que ele próprio havia matado (Jz 14:8-9);
  • Agia segundo suas emoções, por raiva ou vingança e não buscando a vontade de Deus;
  • Por conta de suas atitudes, sua esposa filisteia e seu sogro foram queimados vivos (Jz 15:6);
  • Envolveu-se com uma prostituta (Jz 16:1).
Importante destacar que os pais de Sansão eram justos e fiéis ao Senhor. Isso pode ser visto em Juízes 13:12, "Quando as suas palavras se cumprirem", Manoá perguntou, "como devemos criar o menino? O que ele deverá fazer?" Ou seja, Manoá e sua esposa não duvidaram da promessa do Anjo, diferentemente do que ocorreu com Sara (Gn 18:12). Eles pediram orientações sobre o cuidado que deveriam ter com a criança.
Isso também indica que Sansão foi criado num ambiente de fidelidade ao Senhor e ensinado segundo as leis de Deus. Porém isso não impediu que ele errasse tanto.
Isso nos indica que não importa se você "nasceu na igreja", importa de fato se você se converteu verdadeiramente a Jesus.

Vale a pena destacar o trecho de Juízes 14:3-4. Apesar de Sansão escolher uma mulher estrangeira para se casar, a Bíblia nos diz que isso vinha da parte do Senhor. Ou seja, Deus usou até mesmo as escolhas erradas de Sansão para cumprir os seus propósitos.

A Bíblia relata em três oportunidades que "O Espírito do Senhor se apossou de Sansão". Esses relatos estão em Juízes 14:6,19 e 15:14. Nessas três oportunidades e também em Juízes 16:30, Sansão matou. Desse modo, a Bíblia parece nos informar que Sansão tinha autoridade dada por Deus para matar.

Sansão usava as mulheres ao seu bel prazer, apenas para satisfazer seus desejos sexuais. Até que ele conhece Dalila (Jz 16:4), que nesse aspecto, era muito semelhante a ele e usava as pessoas em benefício próprio, a fim de alcançar seus objetivos.

Os líderes dos filisteus ofereceram cada um 13 kg de prata a Dalila para que ela descobrisse o segredo da força de Sansão. Isso equivaleria hoje a mais de R$ 5,8 milhões (550 vezes o salário anual de um trabalhador braçal).

Sansão depositava toda sua esperança em seus longos cabelos, que seriam "o segredo de sua força". Quando perdeu seus cabelos, ele virou um homem normal, que foi preso, cegado pelos filisteus e usado em trabalhos forçados.

O que Sansão perdeu de vista foi de onde realmente vinha sua força. Em nenhum momento, a Bíblia diz que a força de Sansão estava em seus cabelos. Ele criou essa crença, sabe-se lá de onde. Apenas no fim de sua vida ele resolve clamar ao Senhor, que restabelece suas forças para que ele derrube as colunas que era os pilares do templo de Dagom. Mas mesmo nesse momento, Sansão pede suas forças por motivos pessoais e não para a glória de Deus, "dá-me forças, mais uma vez, e faze com que eu me vingue dos filisteus por causa dos meus olhos!" (Jz 16:28).

Apesar de Sansão, Deus cumpriu seus propósitos na vida dele, segundo a promessa que havia feito a seus pais quando do anúncio do seu nascimento. Deus havia prometido a seus pais que Sansão iniciaria a libertação de Israel das mãos dos filisteus (Jz 13:5). Isso ocorreu porque nenhum dos planos do Senhor pode ser frustrado, apesar de nós (Jó 42:2).

A Bíblia diz em Juízes 16:20 que o Senhor deixara Sansão, o que já havia sido informado em Juízes 16:19, "e a sua força o deixou". O Senhor era sua força. Quando o Senhor nos deixa, nossos esforços são inúteis, pois sem Ele nada podemos fazer (Jo 15:5). Importante destacar que Juízes 16:22 destaca que os cabelos de Sansão voltaram a crescer e, apesar disso, sua força física não voltou.

Portanto, irmãos, não desprezemos a bênção de Deus uma vez derramada sobre nós. Não sejamos como Sansão, que anunciado por um anjo, levantado por Deus, separado e consagrado para o seu serviço, resolveu amar os prazeres dessa vida. Sigamos com o Senhor, sabendo que a nossa força vem dEle.

"O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, e dele recebo ajuda. Meu coração exulta de alegria, e com o meu cântico lhe darei graças. O Senhor é a força do seu povo, a fortaleza que salva o seu ungido." (Sl 28:7-8)

...................

E na próxima sexta-feira, una-se a nós, querido irmão. Traga algo para compartilhar no nosso café da manhã, a partir das 07:00. Deus o abençoe.





Referências:
- Panorama do Antigo Testamento, Andrew E. Hill e J. H. Walton, Editora Vida
- Sansão e o Deus que disciplina, Pr. Marcos Amado, Igreja Batista do Morumbi (link para o artigo)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A Escolha de Matias e o Novo Pastor da IBCC

Naqueles dias Pedro levantou-se entre os irmãos, um grupo de cerca de cento e vinte pessoas, e disse: "Irmãos, era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse por boca de Davi, a respeito de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus. Ele foi contado como um dos nossos e teve participação neste ministério". (Com a recompensa que recebeu pelo seu pecado, Judas comprou um campo. Ali caiu de cabeça, seu corpo partiu-se ao meio, e as suas vísceras se derramaram. Todos em Jerusalém ficaram sabendo disso, de modo que, na língua deles, esse campo passou a chamar-se Aceldama, isto é, campo de Sangue.) "Porque", prosseguiu Pedro, "está escrito no Livro de Salmos: ‘Fique deserto o seu lugar, e não haja ninguém que nele habite’; e ainda: ‘Que outro ocupe o seu lugar’. Portanto, é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja conosco testemunha de sua ressurreição". Então indicaram dois nomes: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias. Depois oraram: "Senhor, tu conheces o coração de todos. Mostra-nos qual destes dois tens escolhido para assumir este ministério apostólico que Judas abandonou, indo para o lugar que lhe era devido". Então tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele foi acrescentado aos onze apóstolos.
Atos 1:15-26

O trecho acima do livro de Atos dos Apóstolos relata a passagem da escolha de Matias como o 12º apóstolo para o lugar de Judas Iscariotes. No texto podemos ver que Pedro se baseia em dois Salmos, 69:25 (Fique deserto o seu lugar, e não haja ninguém que nele habite) e 109:8 (Que outro ocupe o seu lugar) quando toma a palavra e informa sobre a necessidade da escolha de um novo apóstolo.

Os discípulos estavam reunidos, como era seu costume. No verso 14 de Atos 1, há o relato de que eles se reuniam sempre em oração com as mulheres (muitas delas provavelmente suas esposas). Entre essas mulheres estava Maria, mãe de Jesus e os irmãos dele.

No trecho apresentado vemos que os discípulos traçam um perfil do apóstolo a ser escolhido. Esse homem precisava ter andado com eles durante o tempo que Jesus esteve junto a eles até o momento de sua ascenção. Esse homem precisava ser testemunha da ressurreição de Jesus.

Os critérios eram claros. Seria alguém fiel a Jesus e que andou com eles durante esses 3 anos e meio. Alguém próximo, de confiança, homem de oração e dedicado. Tudo certo.

Quando averiguaram os quesitos, apenas dois nomes satisfaziam essas exigências. Eram eles José Barsabás e Matias. Nesse momento os discípulos oraram a respeito, pedindo a Deus que mostrasse qual deles deveria ser o escolhido. Depois lançaram sortes, o que era um costume da época e que é atestado por Provérbios 16:33 (A sorte é lançada no colo, mas a decisão vem do Senhor). Com isso a sorte caiu sobre o nome de Matias. Os discípulos entendiam que o lançar sortes era um meio de conhecer a vontade de Deus.

Detalhe que esse foi o último evento de se lançar sortes no relato bíblico.

Mas o nome de Matias só aparece duas vezes na Bíblia e as duas vezes estão no trecho acima.

Mas quem era Matias?

A Bíblia não fala explicitamente sobre ele, mas podemos inferir algumas coisas a seu respeito.

  1. Matias era um crente, seguidor de Jesus e o acompanhou durante seu ministério;
  2. Como foi um dos escolhidos, é provável que ele estivesse entre os 72 que foram enviados por Jesus em Lucas 10:1;
  3. Matias foi reconhecido como um dos doze, conforme podemos ver em Atos 6:1-2;
  4. A fundação da Igreja é relatada em Atos 2, após a escolha de Matias e antes da conversão de Paulo (Atos 9);
  5. Efésios 2:20 fala a respeito da Igreja, a qual foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular;


Algumas informações de fontes históricas (fontes seculares) sobre Matias:

  1. Nicéforo: Matias primeiro pregou o Evangelho na Judeia, seguindo para a Etiópia e, posteriormente, se dirigiu para a região da Cólquida (agora conhecida como Geórgia Caucasiana), onde foi crucificado. Um marco localizado nas ruínas da fortaleza romana de Gônio, atual Apsaros, nas modernas regiões georgianas de Adjara indicam que Matias estaria sepultado naquele lugar;
  2. "Sinopse" de Doroteu de Tiro: Matias esteve na Etiópia, onde o Porto Marítimo de Hyssus e o Rio Fásis estão. Ele faleceu em Sebastópolis e está sepultado ali, próximo ao Templo do Sol;
  3. Atos Coptas de André e Matias localiza sua atividade similarmente na "Cidade dos Canibais", na Etiópia. Alternativamente, outra tradição, menos confiável, menciona que Matias foi enterrado em Jerusalém pelos judeus, onde teria sido decapitado;
  4. Hipólito de Roma diz que Matias teria morrido em idade avançada em Jerusalém;
  5. O "Evangelho de Matias" é mencionado por Orígenes, Eusébio de Cesareia (que o atribui a heréticos), Jerônimo e no Decretum Gelasianum (que o declara apócrifo).


Mas então sabemos que Matias andou com Jesus os 3 anos e meio e ele estava lá quando Jesus escolheu os doze. Podemos imaginar que talvez Matias nutrisse a esperança de estar entre esses escolhidos. Jesus foi, um a um, falando os nomes: Pedro, André, Tiago, João... e Judas Iscariotes. Talvez Matias pudesse pensar: "Judas? Eu sei quem ele é." ou "Jesus escolheu Judas e não a mim?"

Matias poderia, a partir desse momento, ter sido tomado pela inveja, ódio e abandonado Jesus. Ou mais à frente, Matias poderia ter pensado algo como: "Esse Jesus só fala com esses doze. Só fica em sua panelinha. Não quero mais participar disso."

Apesar de tudo isso, Matias se manteve fiel a Jesus e continuou seguindo o Mestre. Matias sabia qual era o seu lugar.

Mas Matias não foi escolhido por Jesus. Ele era fiel, possivelmente estava entre os 72 enviados, não foi tomado pela vaidade, mas ainda assim, não foi escolhido por Jesus.

O relato bíblico nos mostra que Saulo foi diretamente interpelado por Jesus, em Atos 9:3-6:
Em sua viagem, quando se aproximava de Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que você me persegue?" Saulo perguntou: "Quem és tu, Senhor? " Ele respondeu: "Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se, entre na cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer".

Saulo era um perseguidor de cristãos, devastava igrejas, arrastava muitos cristãos para as prisões, esteve presente quando do apedrejamento de Estêvão, consentindo com tudo aquilo. Como os apóstolos escolheriam um homem assim? Nunca. Mas Deus escolheu.

Ou seja, apesar de todos os atributos de Matias, ele não foi o escolhido por Jesus. Saulo foi. Saulo o mais improvável de todos. Quando o Senhor revela a Ananias que ele deve procurar por Saulo, Ananias teme. E se pensarmos aos olhos humanos, com razão. Afinal de contas aquele era o maior perseguidor da Igreja daquela época. Mas Deus responde: "Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel. Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome." (Atos 9:15-16)

E a IBCC?

Nossa igreja passa por um momento de sucessão pastoral. Em breve teremos uma comissão de sucessão pastoral e posteriormente alguns nomes serão apresentados à igreja para todo o processo de sucessão ter seu andamento. É provável e até interessante que tracemos um perfil do novo pastor que virá liderar a IBCC, mas nada adiantará se não consultarmos incessantemente a Deus a fim de entendermos quem Ele escolheu.

Pode ser que optemos por um homem fiel, conhecedor da Palavra, homem de oração, dedicado etc. Alguém com todos os requisitos necessários e que se encaixe no perfil traçado, mas resta saber: será esse o escolhido pelo Senhor? Os discípulos escolheram Matias, mas o Senhor escolheu Paulo. Matias tinha os requisitos já mencionados acima, mas não era dele aquela função. Era de Paulo.

Irmãos, continuemos orando ao Senhor para que Ele nos mostre quem Ele escolheu. Assim como fez quando da escolha de Saul, que se destacava do povo por seu tamanho. Ou quando da escolha de Davi. Samuel passou um a um pelos irmãos de Davi e o Senhor dizia a ele, "Não é esse". Davi era esquecido. O próprio pai o descartara: "Ainda tenho o caçula, mas ele está cuidando das ovelhas" (1 Samuel 16:11)

Em 1 Samuel 16:7, Deus dá a dica ao profeta Samuel: O Senhor, contudo, disse a Samuel: "Não considere a sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração".

Queremos um pastor designado pelo Senhor? Oremos para que o Senhor o apresente a nós.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Neymar, a faixa e o preconceito

Caros irmãos, no último sábado, como a maioria de nós deve saber, o Barcelona sagrou-se campeão da UEFA Champions League, o torneio de clubes mais importante do mundo. O brasileiro Neymar brilhou mais uma vez e fez o terceiro gol do clube catalão, fechando a vitória em 3x1 sobre a Juventus, de Turim.
Na comemoração do título, Neymar, de criação cristã evangélica, colocou uma faixa branca na testa com a inscrição "100% Jesus". Por mais que eu tenha restrições ao modo de vida que Neymar leva, considerando que ele é um cristão, ele não deixou de expressar, ainda que de modo discreto, uma gratidão àquele a quem devemos dar toda honra e glória.
Porém, em sua coluna de ontem, dia 07 de junho, o jornalista Juca Kfoury, autodeclarado ateu, critica Neymar por conta dessa faixa. A matéria pode ser conferida clicando aqui, mas transcrevo aqui o que Juca escreveu:

Na Copa do Mundo, ano passado, o genial brasileiro vendeu cuecas e depois negou.
Agora, na Liga dos Campeões, pôs Jesus no jogo desnecessariamente, como já havia feito antes, sempre esquecido de que os derrotados também podem tê-lo em seus corações.
Seria tão melhor se certas intimidades fossem como deveriam ser, isto é, apenas íntimas.
Até porque, convenhamos, precisar Neymar não precisa.

No início dessa tarde, o juiz federal, professor universitário e escritor cristão, William Douglas, escreveu uma brilhante resposta a Juca Kfoury, que sempre que pode, critica os cristãos e quem demonstra publicamente sua fé em Jesus. Abaixo o texto completo do juiz William Douglas, publicado no Facebook oficial dos Atletas de Cristo. Vale cada minuto a leitura.
Caro Juca,
Gosto de você. Quando ao seu comentário, quem tem que ir "menos" é você.
"Menos, Juca, menos".
Menos desrespeito à liberdade religiosa. Menos preconceito religioso, Juca, menos.
Anoto que não acho boa a ideia de pressupor que o gesto da testeira seja igual ao da cueca. Pode até ser que um dia aparece uma marca “100% Jesus” à venda, mas não me parece que tenha sido um movimento comercial. Você está julgando mal o rapaz, é o que acho.
Você disse que ele citou Jesus “desnecessariamente”. Quem lhe colocou na posição de censor da religiosidade do Neymar? Ainda que celebridade, Neymar tem o direito a ter e a expressar sua fé. Aliás, toda pessoa tem o direito de professar sua fé na forma como julgar adequada. Isso está em todas as declarações de Direitos Humanos e na nossa Constituição Federal.
O fato de você, ou qualquer outra pessoa, não querer expressar sua fé não significa que seu modo de ver as coisas seja o correto. Você considera isso uma “intimidade”, mas quem disse que o Neymar ou qualquer outro tem que considerar sua fé algo “íntimo”? A fé também tem foro íntimo, mas não tem que ficar limitada a esse plano. Se pesquisar um pouco a Bíblia verá que faz parte da religiosidade cristã assumir a fé. Querer levar a fé para o íntimo, circunscrita a espaços privados é um postulado materialista que não tem base legal, constitucional etc. Não aceitamos essa ideia de guetos. Não aceitamos a ideia de degredar nossa fé em Jesus. Isso é Jesusfobia.
Voltemos ao que pensam os cristãos. Jesus disse: "Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mateus 10.32,33). Então, confessar Jesus como fez Neymar, é algo típico da fé cristã.
Jesus também diz para sermos brilhantes e darmos a Deus toda a glória por isso. Isso foi o que Neymar fez. Brilhante, você mesmo disse que ele foi. Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus" (Mateus 5.16).
Juca, você também criticou Neymar dizendo que ele estaria “esquecido de que os derrotados também podem tê-lo em seus corações”. Ora, desde quando o vencedor agradecer a Jesus significa que os derrotados não têm ou não poderiam ter Jesus? Cito aqui outro cristão que honra a Jesus: o zagueiro David Luiz. Quando ele fez aquele belo gol na Copa, disse que dava toda a glória a Jesus. Direito dele fazer isso. Ou você dirá também... “Menos, David Luiz, menos”? Cito o caso, pois quando levamos o 7 x 1 da Alemanha o mesmo David Luiz teve em Jesus consolo e companhia em um momento difícil. É assim, Juca: Jesus está conosco em todos os momentos.
As únicas coisas certas que você falou nessa matéria foram, uma, que Neymar é brilhante e, outra, que, “convenhamos, precisar Neymar não precisa”. Realmente não precisa. Ele poderia ficar calado e atender aos reclamos de uma sociedade que persegue a fé e critica toda manifestação religiosa. Ele poderia ficar calado, sim, mas agiu como cristão. Ele assim fez porque quis, porque é um direito dele, porque quis honrar a Jesus.
Jesus, a quem cito novamente, antecipou a notícia da sua crítica ao Neymar. Sim, Juca, Jesus profetizou que você iria criticar Neymar. Está no Sermão do Monte, em Mateus 5: 11 e 12: “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês" (Mateus 5.11,12). Então, só posso dizer uma coisa: “Bem-aventurado, brilhante Neymar, Bem-aventurado!”
Outra coisa comum nos cristãos, eu faço agora, que é um convite: Juca, se você deixar Jesus entrar no seu coração vai ser muito bom. Ele traz descanso para nossas almas, ele é manso e humilde de coração, o seu jugo é suave e o seu fardo é leve (Mateus 11:28,30).